Resenha-Quando eu parti

Caroline Barbosa
2 min readDec 23, 2020

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“Quando eu parti” (2016), de Gayle Forman, conta a história de Maribeth, uma mulher na casa dos quarenta anos, mãe de gêmeos, editora de uma revista e que vive uma rotina estressante. Ela é casada com Jason, mas o marido não ajuda muito nas tarefas cotidianas.

O livro começa com Maribeth passando mal, mas ignorando os sintomas por falta de tempo até descobrir tarde demais que estava passando por um infarto. Após a cirurgia, ela precisa de descanso e repouso, mas tudo que encontra é o despreparo de seu marido, sua melhor amiga e sua mãe, além de ter que continuar cuidando de tudo.

Com medo de enfartar novamente e morrer, Maribeth joga tudo para o alto e vai para Pittsburgh. Tudo que ela deixa é um bilhete. Sem celular e nem e-mail a personagem busca viver uma vida reclusa por um tempo e descobrir alguns elementos sobre sua mãe biológica, pois ela foi adotada ainda recém-nascida.

Nessa jornada para descobrir se o infarto é recorrente em sua família e descobrir sua “verdadeira” história, Maribeth faz amigos novos na cidade. Janice que lhe ajuda com as investigações sobre sua mãe biológica, Stephen que acaba se tornando médico e amigo e os universitários que animam seus dias, Todd e Sunita.

Forman constrói uma narrativa que se desdobra entre o presente e o passado com um narrador em terceira pessoa, mas muito próximo das ações de Maribeth, o que gera o efeito de o leitor conhecer apenas o que ela conhece. Esse recurso é um motor importante da narrativa porque nos questionamos a todo momento como serão os desdobramentos de uma obra tão peculiar.

Este é o sexto livro que eu leio de Forman e fiquei interessada em conhecer uma narrativa que abordasse um segmento mais maduro, diferente dos que ela aborda em “Se eu ficar” (2009) ou “O que há de estranho em mim” (2015). O que ela nos entrega é uma narrativa agridoce e bem construída sobre uma mulher em um mundo que exige que ela seja perfeita e dê conta de tudo ao mesmo tempo (sozinha!) e faz uma crítica implícita sobre como construímos a ideia de maternidade.

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Caroline Barbosa
Caroline Barbosa

Written by Caroline Barbosa

Escritora, professora e pesquisadora de Literatura Contemporânea (@literarioafeto)

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